domingo, 5 de abril de 2009

Pague suas dívidas desembolsando menos

Pague suas dívidas desembolsando menos


Responda rapidamente: Você pagaria R$20 por uma nota de R$10? Colocada dessa maneira, a operação é obviamente prejudicial para o investidor. Se, mesmo assim, você respondeu que sim, aposto que está endividado!


Acredito que a grande maioria dos leitores dê muito valor ao seu suado dinheirinho e poucos seriam aqueles que fechariam o negócio proposto acima. O problema é que esse fato é plenamente conhecido pelas instituições financeiras e as de varejo, que formulam a mesma proposta de forma diferente: “Por que você não pega R$10,00 hoje e só paga R$1,00 por mês por eles?”


O resultado dessa abordagem tentadora e da impressão causada pelas pequenas parcelas oferecidas é o acúmulo de diversos financiamentos pelo consumidor. Essa prática faz com que a dívida do trabalhador brasileiro corresponda hoje a 10 meses de seu salário. (1) Em 2004, a dívida correspondia apenas a 5,9 meses de salário, crescimento de aproximadamente 70% em quatro anos. Se você faz parte dessa estatística, não se desespere! Siga as dicas abaixo e livre-se de suas dívidas:


1. Calcule os juros dos seus empréstimos e financiamentos. Geralmente, as taxas informadas pelo vendedor ou pelo gerente não representam o custo total da operação. Outros impostos e taxas como o IOF e a TAC, imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos e valores mobiliários e taxa de abertura de crédito, respectivamente, entre outras, estão embutidas nas parcelas. Pergunte sobre o CET, Custo Efetivo Total. (2)


2. Conheça as taxas disponíveis no mercado. O Banco Central do Brasil publica em seu site (http://www.bcb.gov.br/?TXJUROS) as taxas oferecidas pelos bancos. Compare os juros divulgados no ranking com o CET pago por você.


3. Renegocie o pagamento da dívida. Procure a instituição credora e proponha um desconto para quitar o saldo devedor. É pouco provável que consiga uma redução significativa, mas vale à pena tentar. Caso receba como contraproposta um novo parcelamento, não se esqueça de perguntar sobre a nova CET. Se ela for maior que a anterior, não aceite.


4. Cancele seus cartões de crédito e seu cheque especial. Essas modalidades de crédito têm juros altíssimos, geralmente maiores que 10% ao mês. Isso significa dizer que o consumidor perde com o uso desses mecanismos, em apenas um mês, mais que ganharia em um ano de aplicação na caderneta de poupança. Importante! Você pode cancelar o seu cartão de crédito e o seu cheque especial mesmo sem quitar os valores que deve.


5. Liquide suas aplicações. Só faz sentido manter dinheiro investido e pagar juros de dívidas se o rendimento da aplicação for maior que a CET do dinheiro tomado emprestado. Geralmente, ocorre o contrário. Parece óbvio, mas a experiência mostra que é comum encontrar muitos devedores que têm, sim, dinheiro aplicado. Saque os seus recurso e utilize-os para quitar suas dívidas o quanto antes.


6. Troque sua dívida por outra mais barata. O mercado oferece várias modalidades de crédito, cada uma delas com juros em patamares diferentes. A mais barata é o crédito consignado, quando as prestações são descontadas em folha de pagamento, seguida pelo crédito pessoal e, só então, pelas opções mais caras, cheque especial e rotativo de cartão de crédito. Após calcular o valor devido, procure primeiramente as cooperativas de crédito de sua classe ou da empresa em que trabalha. Elas costumam oferecer taxas mais baixas para seus associados (3). Utilize o dinheiro do novo empréstimo para quitar os antigos.


Atenção! Com a forte tendência de queda da taxa Selic, acompanhe de perto o ranking divulgado pelo Banco Central. A qualquer momento pode tornar-se interessante contrair um novo empréstimo para quitar financiamentos antigos, mesmo que você seja um devedor que tenha plenas condições de arcar com seus compromissos. Por que pagar mais caro? Fique de olho no dinheiro!



Considerações importantes:
(1) Os cálculos são do consultor para o sistema financeiro e economista pela Universidade de Brasília Humberto Veiga.
http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2008/11/23/divida_de_brasileiro_ja_e_de_10_salarios_2127991.html
(2) Aqueles que se interessarem pelo cálculo da CET de um empréstimo ou financiamento, podem enviar um e-mail para deolhonodinheiro@gmail.com que lhes enviarei uma planilha para fazer o cálculo correto.
(3) Veja a matéria sobre cooperativas de crédito veiculada no Jornal Nacional http://www.youtube.com/watch?v=Qo7GGyC11T0&feature=player_embedded